Na ONU, Zelensky critica proposta de Brasil e China para guerra na Ucrânia

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Na ONU, Zelensky critica proposta de Brasil e China para guerra na Ucrânia

 Presidente ucraniano discursou na Assembleia Geral e afirmou que plano sino-brasileiro levanta a pergunta: "Qual é o verdadeiro interesse?"


@REUTERS/Mike Segar

Porto Velho, RO - O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky discursou, nesta quarta-feira (25), na Assembleia Geral da ONU e criticou o Brasil e a China pela proposta de paz apresentada para a guerra na Ucrânia.

“Precisamos deixar claro: a guerra acabou. Esta é a fórmula da paz. Que parte disto poderia ser inaceitável para qualquer um que defenda a Carta da ONU? Se alguém no mundo busca alternativas para qualquer um destes pontos ou tenta ignorar qualquer um deles, provavelmente significa que eles próprios querem fazer uma parte do que Putin está fazendo: o ponto que eles ignoram revela o desejo que eles estão escondendo”, declarou Zelensky.

 

“E quando a dupla chinesa-brasileira tenta crescer um coro de vozes — com alguém na Europa, com alguém na África, dizendo algo alternativo a uma paz plena e justa, surge a pergunta: qual é o verdadeiro interesse?”, acrescentou o ucraniano.

“Todos devem entender: vocês não aumentarão seu poder às custas da Ucrânia. O mundo já passou por guerras coloniais e conspirações de grandes potências às custas daquelas que são menores”, continuou.

O presidente da Ucrânia disse que todos os países – “incluindo China, Brasil, nações europeias, nações africanas e o Oriente Médio” – entendem porque essa era das guerras coloniais devem permanecer no passado.

 

“Os ucranianos nunca aceitarão por que alguém no mundo acredita que um passado colonial tão brutal, que não convém a ninguém hoje, pode ser imposto à Ucrânia agora em vez de uma vida normal e pacífica. Eu quero paz para meu povo – paz real e justa. E estou pedindo seu apoio – de todas as nações do mundo. Nós não dividimos o mundo. Peço o mesmo de vocês – não dividam o mundo. Sejam Nações Unidas, e isso trará paz”, concluiu Zelensky.


Brasil e China tentam retomar proposta de paz

O Brasil tentará retomar, junto com a China, conversas em torno da proposta de paz para a guerra entre Ucrânia e Rússia em uma reunião com 20 países do Sul Global em Nova York, na próxima sexta-feira (27).

O encontro, a ser coordenado pelo assessor especial da Presidência, embaixador Celso Amorim, pretende levar a esses países a proposta de seis pontos para a paz, apresentada em maio por Brasil e China, mas que não teve avanços desde então.

“A intenção é ouvir o que esses países podem trazer, criar uma massa crítica e revisar esses pontos”, disse uma fonte. “Muitos países querem ouvir, inclusive europeus.”

A reunião, no entanto, está reservada para países do Sul Global, e deixa, dessa vez, os europeus, na sua maioria engajados no apoio à Ucrânia, de fora.

Entre os convidados estão países como África do Sul, Egito, Indonésia e Arábia Saudita, que de alguma forma já entraram em negociações sobre o conflito, e outros como Emirados Árabes Unidos, Vietnã, Etiópia, Nigéria, Colômbia, México, Malásia, Argélia, e Quênia.

 

Na semana passada, em conversa por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente russo, Vladimir Putin, levantou mais uma vez a possibilidade de intermediação de Brasil e China, assim como havia feito semanas antes em um discurso no Fórum Econômico Oriental, em Vladivostok, na Rússia. Na ocasião, Putin afirmou que os dois países, assim como a Índia, poderiam ser mediadores.

O plano dos seis pontos que será discutido em Nova York previa o início de negociações direta de cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia, a partir de princípios que incluíam não expandir os campos de batalha, não aumentar os combates e não inflamar a situação.

Propunha, ainda, uma conferência internacional de paz que fosse apoiada pelos dois lados. Pedia, ainda, o aumento da assistência humanitária e pedia o fim do ataque a civis e a infraestrutura essencial nos dois países.

O texto foi divulgado depois de uma visita de Celso Amorim a China, mas foi rejeitado pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Fonte: CNN Brasil

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