Porto Velho, RO - O ex-presidente do Banco Central (BC) e um dos “pais” do Plano Real, Gustavo Franco, afirmou que a hiperinflação vivida pelo Brasil, principalmente, durante a década de 1980, impressiona pelo tempo que durou até a implementação do Plano Real.
“Hoje, podemos catalogar outros vinte casos parecidos [de hiperinflação]. O nosso desponta entre eles. O nosso impressiona pela duração. Nós tivemos 15 anos seguidos de inflação média mensal de 16%. Esse é o tipo de experiência que combatemos naquele momento” disse Franco.
O ex-presidente do BC também explicou que parte do que foi feito através do plano foi restituir uma única autoridade monetária no Brasil.
Franco explicou que, antes, o país possuía dezenas de “bancos centrais”, parte deles administrados pelos estados – através dos bancos estaduais -, mais outros bancos comerciais federais e o Banco Central propriamente.
Em sua avaliação, o BC era “capturado” pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que congregava, em uma espécie de “câmara setorial”, descrita por Franco, onde representantes com vários interesses distintos.
“Parte do que fizemos no Plano Real foi restituir uma autoridade monetária. Reduzimos o CMN para três membros e criamos o Copom. Hoje, ninguém sabe direito o que é o CMN, mas todos sabem o que é o Copom e reconhecem onde está toda a autoridade pelo controle da moeda. Com isso recompusemos a institucionalidade monetária”, afirmou.
O ex-banqueiro central falou durante um evento para homenagear a o plano monetário, que completa 30 anos na próxima segunda-feira (1º). A palestra ocorreu em São Paulo, na Fundação Fernando Henrique Cardoso, nesta segunda-feira (24). Além dele, estavam presentes outros ex-presidentes da instituição como Pedro Malan, Pérsio Arida e Armínio Fraga; e o ex-presidente do BNDES e IBGE, Edmar Bacha.
Na próxima segunda-feira (1º), o Plano Real completa 30 anos desde sua implementação. Em fevereiro de 1994, os economistas da equipe de FHC criaram uma espécie de dólar virtual, a Unidade Real de Valor (URV). Em julho, este mecanismo se tornou o real — uma nova moeda que nascia sem a doença da hiperinflação.
Fonte: CNN Brasil
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