O mais recente anúncio dessas empresas veio da divisão de serviços de nuvem da Amazon, AWS
Porto Velho, RO.
Na tentativa de desbancar o ChatGPT, ferramenta de inteligência
artificial generativa mais popular da praça, gigantes da tecnologia têm
investido em diferenciais para driblar o domínio da OpenAI no setor.
Para
isso, apostam em ferramentas mais resistentes às chamadas "alucinações"
(quando a ferramenta dá respostas desconexas), que cumpram regulações
de dados da lei brasileira ou que consigam retornar resultados melhores a
demandas mais específicas.
O OpenShift AI é uma plataforma na
qual as empresas podem administrar seus dados para criar os próprios
modelos de inteligência artificial.
Porto Velho, RO. O mais
recente anúncio dessas empresas veio da divisão de serviços de nuvem da
Amazon, AWS, que traz nesta sexta-feira (7) ao Brasil a sua plataforma
de desenvolvimento de aplicativos de inteligência artificial Bedrock.
IBM e sua subsidiária Red Hat oferecem serviços com premissas parecidas.
Em apresentação acompanhada pela reportagem, a Amazon mostrou
como o Bedrock permite que as empresas escolham diferentes modelos base
de inteligência artificial generativa e adicione instruções específicas
para chegar a aplicativos próprios -versões personalizadas de chatbots
de IA.
De acordo com o líder de tecnologia da AWS para América
Latina, Juan Carlos Gutierrez, empresas como Itaú, iFood e C6 já usavam
os serviços da Bedrock em servidores nos Estados Unidos. A ideia, agora,
é dar agilidade e segurança jurídica ao trazer os dados para os data
centers da Amazon em São Paulo.
"O cliente manter os dados no
Brasil diminui o atraso entre pedido e resposta, resolve barreiras
regulatórias impostas a certos setores como a saúde e vai permitir
democratizar mais a inteligência artificial generativa", diz Gutierrez.
De
acordo com o líder de IA da Accenture para Brasil, Daniel Lázaro, as
empresas estão em um momento de definir quais modelos fundacionais usar e
como usá-los para conseguir os resultados esperados a preços razoáveis.
"Um modelo do tamanho do GPT, que tem bilhões de parâmetros, gasta
muita energia e dinheiro, e às vezes não é o que o empresário precisa."
Segundo
a AWS, o Bedrock funciona como um marketplace de inteligências
artificiais generativas, no qual o cliente pode escolher o modelo mais
adequado para resolver seus problemas.
O Bedrock disponibiliza os
modelos fundacionais mais recentes de Anthropic, Meta da francesa
Mistral, que têm resultados parecidos com os do GPT-4 da OpenAI em
testes de performance, além de modelos menores e mais baratos.
"A
empresa pode procurar o modelo que tem os melhores resultados para cada
trabalho, testar os custos e o tempo de processamento em um ambiente
seguro", diz Gutierrez.
Os assinantes da nuvem da Amazon podem
testar o Bedrock de graça por um mês. Depois passa a custar um preço
variável por demanda. A Amazon também negocia pacotes de uso mensal, mas
não anuncia os preços.
A AWS fornece aos clientes as
ferramentas, os recursos e o treinamento necessários para promover a
inovação responsável e segura em IA generativa.
Curiosos podem
ter um gosto de como funciona o Bedrock e criar seus próprios chatbots
no Partyrock, que a AWS deixa disponível ao público. Gutierrez mostrou o
exemplo de um chatbot que indicava vinhos, que criou em poucos minutos.
O
executivo lembra, entretanto, que as informações dadas ao Partyrock
permanecem abertas ao público. Por isso, não é indicado que os usuários
compartilhem dados sensíveis.
MODELOS DISPONÍVEIS NA PLATAFORMA DA AWS
Amazon Titan
Nas versões Text Lite, Text Express, Multi-modal Embeddings e Titan Text Embeddings v2Anthropic
Nas versões Claude 3 Haiku e Claude 3 Sonnet
Meta
Nas versões Llama 3 8B, Llama 3 70BMistral
Nas versões Mistral Large, Mistral 7B, Mistral 8x7B
SOLUÇÕES DE CÓDIGO ABERTO
A
subsidiária da IBM Red Hat, que oferece soluções open source (programas
cujos códigos permanecem abertos e podem ser copiados e editados com
algumas condições), também lançou globalmente, no início de maio, um
conjunto de sistema operacional e estúdio de programação para empresas
interessadas em desenvolver seus próprios chatbots e assistentes de IA.
"Negócios
querem construir grandes modelos de ação, que misturem diferentes
tecnologias e filtros, para executarem trabalhos específicos, como um
trabalhador independente", disse Matt Hicks, o presidente-executivo da
Red Hat. Segundo Hicks, um diferencial de sua empresa é a oferta de
auxílio técnico nesse desenvolvimento.
O Red Hat Enterprise Linux
AI é um sistema operacional (como Windows) especializado para
desenvolver modelos de inteligência artificial, com promessa de melhorar
desempenho e reduzir consumo de energia da máquina.
O OpenShift
AI é uma plataforma na qual as empresas podem administrar seus dados
para criar os próprios modelos de inteligência artificial. A solução
funciona a partir de um conceito de nuvem híbrida -o usuário pode
escolher o que ele quer processar dados no próprio computador e o que
ele quer deixá-los na nuvem.
E, por fim, a empresa disponibiliza o
InstructLab, uma plataforma para refinar o comportamento dos modelos de
inteligência artificial. A partir de uma inteligência artificial já
pronta, esse programa permite que o usuário use dados complementares e
instruções específicas para garantir que a inteligência artificial
entregue respostas melhores para determinados objetivos.
Em
contrapartida, o treinamento para especializar a inteligência artificial
em uma tarefa piora o desempenho do modelo em generalidades fora do
escopo desejado. "De qualquer forma, o empresário não precisa de um
ChatGPT que saiba da história da França para ter um assistente que o
ajude a programar mais rápido", diz Hicks.
Em evento anual da Red
Hat, em Boston, o engenheiro da computação Rudolph Pienaar e a
professora da Universidade de Harvard Ellen Grant mostraram como usaram a
tecnologia da Red Hat para desenvolver uma plataforma de inteligência
artificial generativa que auxiliava profissionais e saúde no
acompanhamento neonatal e pós-parto a partir de análise de exames de
imagem e indicação de protocolos médicos.
Hicks avalia que o
avanço da IA generativa vai abrir caminho para o desenvolvimento de
novos aplicativos, como aconteceu durante a popularização dos
smartphones. "Dessas oportunidades, surgem novos negócios de sucesso."
Além
da possibilidade de trabalhar com modelos de IA próprios, a Red Hat
disponibiliza em suas plataformas modelos de código aberto como o Llama
da Meta e Granite, uma família de modelos da IBM voltados à programação.
As plataformas já funcionam em 119 idiomas, incluindo o português.
OPENAI, DO CHATGPT, TAMBÉM DISPUTA MUNDO CORPORATIVO
O
presidente-executivo da OpenAI, Sam Altman, recebeu, em abril, centenas
de executivos de empresas da Fortune 500 em San Francisco, Nova York e
Londres, para apresentar serviços de IA para uso corporativo. A
informação foi divulgada pela Reuters.
A startup de IA
disponibiliza as versões brutas de seus modelos de inteligência
artificial para empresas interessadas e cobra pela quantidade de uso.
Acordos fechados pela empresa podem incluir assistência técnica.
O
maior cliente da OpenAI, hoje, é a PwC, que customizou uma versão do
ChatGPT para trabalhos corporativos e a chamou de "ChatGPT Enterprise". O
recurso está disponível para os 101 mil funcionários do gigante da
contabilidade espalhados entre EUA e Reino Unido.
A OpenAI tem se
esforçado para conquistar clientes corporativos além da Microsoft, a
principal cliente da startup e que também disponibiliza os GPTs na
plataforma de nuvem Azure.
A Microsoft, hoje, é a empresa
negociada em Bolsa com maior valor de mercado, após anunciar seguidos
ganhos com seu servidor de nuvem Azure (o principal concorrente da AWS)
depois de o ChatGPT voltar a atenção dos investidores à inteligência
artificial generativa em novembro de 2022.
Para Lázaro, da
Accenture, todas as empresas de tecnologia estão se esforçando para
sinalizar um nicho de atuação dentro do mercado que a IA está abrindo
agora. "Ainda é tudo muito obscuro, um empresário não sabe quanto vai
pagar para desenvolver um projeto de IA, qual vai ser o retorno, as
empresas cobram por demanda."
Porém, "quem descobrir a fórmula para usar a tecnologia primeiro vai ganhar uma vantagem competitiva", acrescenta o consultor.
Fonte: Folhapress
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