Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) está preso preventivamente desde 24 de março
Porto Velho, RO.
Nesta quarta-feira, 15, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da
Câmara dos Deputados vai analisar o processo que pede a cassação do
deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um
dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista
Anderson Gomes em 2018. Na última quinta-feira, 9, ele foi denunciado
pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de homicídio e
organização criminosa. Brazão nega as acusações.
O parlamentar
está preso preventivamente desde 24 de março, quando foi deflagrada uma
operação conjunta da Polícia Federal (PF), da Procuradoria Geral da
República (PGR) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para
prender os suspeitos de envolvimento no crime. Na época dos homicídios,
Brazão era vereador na capital fluminense.
Protocolada pelo
PSOL, a representação em desfavor do parlamentar é relatada pela
deputada Jack Rocha (PT-ES), que deve apresentar o parecer sobre o caso
durante a reunião. A petista foi escolhida após quatro sorteados
desistirem de compor a lista tríplice que define o relator da ação. A
defesa do deputado questionou a parcialidade de Jack, mas o presidente
do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), negou o
pedido de novo sorteio para definição da relatoria.
Além do
parlamentar, em março, ainda foram presos o irmão dele Domingos Brazão,
conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e
o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, que também negam as
acusações. Já no último dia 9, Robson Calixto da Fonseca, ex-assessor
do TCE-RJ, e o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, apontado
como ex-chefe da milícia da Muzema, zona oeste do Rio, também foram
presos sob suspeita de participação nos homicídios.
De acordo com
relatório da PF, divulgado no dia da prisão dos irmãos Brazão, o
homicídio de Marielle foi motivado por interesses relacionados à
grilagem de terras e à atuação de milícias em Jacarepaguá, reduto
eleitoral da família Brazão. Segundo o ex-policial militar Ronnie Lessa,
autor das execuções e delator, Marielle estava "atrapalhando os
interesses dos irmãos" ao tentar impedir novos loteamentos situados na
região.
Outros processos na pauta
O Conselho também
vai analisar as representações contra os deputados Glauber Braga
(PSOL-RJ), Delegado da Cunha (PP-SP) e André Janones (Avante-MG),
acusados de quebra de decoro parlamentar.
No caso da ação em
desfavor de Braga, será realizado um novo sorteio para compor a lista
tríplice que selecionará o relator da representação, visto que Sidney
Leite (PSD-AM), sorteado anteriormente assim como os parlamentares
Rosângela Reis (PL-MG) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB), pediu para ser
substituído.
O processo instalado contra o deputado do PSOL
atende ao pedido de cassação protocolado pelo Partido Novo. A legenda
alega que Braga infringiu o decoro parlamentar em 16 de abril, quando
expulsou da Câmara um membro do Movimento Brasil Livre (MBL) aos chutes.
O parlamentar disse que não se orgulha da agressão, mas também não se
arrepende.
Já a representação contra o deputado do PP decorre de
uma denúncia de agressão registrada por uma ex-namorada dele. Relatada
pelo também congressista Albuquerque (Republicanos-RR), a ação foi
protocolada pelo PSOL e argumenta que as acusações contra Delegado da
Cunha são "gravíssimas".
Segundo a vítima, a nutricionista Betina
Raísa Grusiecki Marques, o deputado a xingou, ameaçou matá-la e bateu a
cabeça dela na parede duas vezes. Além disso, a mulher registrou no
boletim de ocorrência que foi enforcada e chegou a desmaiar devido aos
ataques violentos. O parlamentar negou as acusações.
Por fim,
ainda deve ser apresentado o parecer do deputado federal Guilherme
Boulos (PSOL-SP) sobre o caso que trata de suposta prática de
"rachadinha" no gabinete de André Janones. O pedido de cassação assinado
pelo PL alega que o parlamentar "solicitou parte dos salários dos
servidores lotados em seu gabinete parlamentar para seu próprio proveito
econômico".
A acusação contra o aliado do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) surgiu após a revelação de um áudio gravado
por um ex-assessor do deputado que mostra Janones exigindo que
funcionários do gabinete arquem com as despesas pessoais dele. O
congressista disse que as falas foram retiradas de contexto e negou a
prática ilícita.
Fonte: Estadao Conteudo
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