Investigador da PC é preso depois de estuprar mulher em ambiente de acolhimento à vítimas de violência

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Investigador da PC é preso depois de estuprar mulher em ambiente de acolhimento à vítimas de violência

 

O caso de violência contra a mulher só veio à tona depois que outros presos notaram o que estava acontecendo e relataram ao delegado

PORTO VELHO, RO 
- Em Sidrolândia, a “Sala Lilás” — alternativa para os municípios que não possuem Delegacias de Atendimento à Mulher, com atendimento diferenciado às vítimas de violência — tornou-se local de trauma para uma moça de 28 anos, detida no mesmo prédio onde funciona a delegacia da cidade. Por duas vezes no mês de abril ela foi retirada da cela, levada para o local de acolhimento, e então estuprada.

Acusado é investigador da Polícia, de 41 anos, foi preso no dia 12 de abril e está atualmente detido em cela da 3.ª Delegacia de Polícia de Campo Grande. Ele enfrenta um processo administrativo, além da denúncia criminal, sendo afastado de sua função.

O homem está sendo acusado de estupro, importunação sexual e violência psicológica contra mulher em crimes previstos no Código Penal, e tortura, com base na lei 9455/77.

Conforme a Corregedoria da Polícia Civil, diante do relato dos abusos da vítima, o investigador negou as acusações. Detalhes não foram repassados, visto que o caso corre em segredo de Justiça.

Sem parente em Mato Grosso do Sul, o caso de violência contra a mulher só veio à tona depois que outros presos notaram o que estava acontecendo e relataram ao delegado.

Segundo agência Folhapress, essa denúncia foi oferecida pelo Ministério Público de MS à Justiça de Sidrolândia ainda no dia 25 de abril, sendo aceita pela juíza em substituição legal, Silvia Eliane Tedardi da Silva, no dia 27.

Vale ressaltar que, agora, ela vai responder ao inquérito e futura denúncia de tráfico de drogas em liberdade, mas teme caso seja condenada. À imprensa a vítima da violência nega a acusação de tráfico e se diz nervosa.

Isabella Caroline Cavalheiro de Lima, advogada da vítima, chegou a questionar a Polícia Civil sobre o motivo de a mulher ter sido mantida na delegacia, mesmo depois da audiência de custódia, quando se define se o preso será liberado ou transferido para um presídio.

Nesse caso, ela aguardava traslado para estabelecimento penal. O corregedor-geral da Polícia Civil do estado, Márcio Rogério Faria Custódio, apontou que o prazo de sete dias é normal para se encontrarem vagas nos presídios.

Relatos

Procurada pela imprensa, a vítima da violência — que já voltou para o Nordeste após ser solta no dia 12 de abril — relata lembrar da situação cada vez que fecha os olhos.

Após ser flagrada em uma van, que ia para São Paulo, onde foram encontrados pacotes com pasta base e maconha, ela foi detida e encaminhada para a delegacia, onde foi colocada em cela separada dos homens.

Conforme a corregedoria, ainda em 4 de abril, durante o plantão, o homem tirou a mulher da cela e a levou, por volta de 19h, para a sala lilás para o primeiro estupro.

Dando sequência à violência, que se repetiria ainda nos dias seguintes, ela foi levada para o quarto usado como alojamento dos servidores e obrigada a fazer sexo oral no investigador que, conforme a denúncia, mandou que tomasse um banho e a ameaçou, dizendo que a buscaria onde quer que fosse para matá-la e “que iria atrás dela até o inferno”.

As ameaças violentas aconteciam com o pretexto de quem a mulher estaria “sozinha neste Estado” e que “ninguém sentiria falta se sumisse”, expôs a vítima.

Ela afirma que, enquanto esteve sozinha na cela, era obrigada a se aproximar da grade para que ele a apalpasse. Já no dia 11, com companheira em cela, foi novamente retirada do local e levada para a sala lilás.

Ela acabou contando o que se passava aos detentos, após os quatro detidos e a outra presa estranhar o fato de ela sempre voltar chorando e muito nervosa. Por sua vez, esses tiveram o silêncio comprado com celulares, entregues na cela no fim da tarde, conforme trecho da denúncia.

Ainda assim, no dia seguinte, os detidos solicitaram a presença do delegado e denunciaram o investigador. Câmeras do circuito interno foram examinadas, após o caso chegar à corregedoria.

Os policiais encontraram as imagens com os momentos em que a mulher era retirada da cela e até quando o investigador entregou o celular para os presos.

Diante disso, a mulher foi retirada da delegacia, levada para um hotel de Sidrolândia e liberada pela Justiça no dia seguinte. Ela então viajou por quatro dias de ônibus até chegar em casa.


Fonte: Diário da Amazônia 

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