Infarto do cineasta Breno Silveira escancara lado obscuro da Covid: o impacto no coração; entenda

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Infarto do cineasta Breno Silveira escancara lado obscuro da Covid: o impacto no coração; entenda


A infecção pelo novo coronavírus aumenta o risco de doenças cadiovasculares até mesmo em pessoas sem problemas prévios e que apresentaram quadros leves

PORTO VELHO, RO - A morte do cineasta o cineasta Breno Silveira, no último sábado (14), vítima de um infarto fulminante durante a filmagem de uma cena de "Dona Vitória", levantou a discussão sobre o impacto da Covid-19 na saúde do coração. Breno tinha apenas 58 anos, era hipertenso e havia apenas se recuperado de uma infecção pelo novo coronavírus. Na verdade, as filmagens estavam sendo retomadas, após um período de paralisação em função do diagnóstico positivo do cineasta.

A cardiologista Viviane Cordeiro Veiga, coordenadora da UTI da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que a Covid-19 aumenta o risco de problemas cardiovasculares até mesmo em pessoas sem condições prévias e que apresentaram quadros leves da doença.

— O que a gente sabe e cada vez os estudos vem demonstrando mais, é que a Covid tem provocado inúmeras alterações cardiovasculares e cerebrovasculares. O que nos chama a atenção é um estudo publicado na Nature que mostrou que mesmo pacientes que tiveram quadros leves e que não tinham problemas cardiovasculares prévios, tiveram aumento do risco de complicações cardiovasculares — explica Veiga.
Isso acontece porque a Covid-19 é uma doença sistêmica e não respiratória. Os danos em vários órgãos pode ocorrer tanto como uma consequência do ataque do próprio vírus, como em decorrência da resposta do organismo à infecção.

Estudos mostraram que o vírus provoca alterações no organismo que torna os vasos sanguíneos propensos a desenvolver coágulos e enfraquece as conexões do tecido que reveste os vasos sanguíneos, tornando-os permeáveis em vez de vedá-los, como esperado quando há coágulos.

As complicações cardíacas podem aparecer tanto no curto e no longo prazo. Lesões no tecido cardíaco, como miocardite, inflamação do músculo cardíaco ou altos níveis de troponina foram observados nos pacientes meses após a internação pela Covid-19.

Uma análise dos registros de saúde de mais de 150 mil pessoas do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos mostrou que pessoas recuperadas da Covid-19 tinham uma probabilidade 63% maior de ter um ataque cardíaco e 52% maior de ter um acidente vascular cerebral (AVC), do que pessoas que nunca haviam contraído a doença. Eles também apresentaram maiores riscos de insuficiência cardíaca, ritmos cardíacos irregulares, coágulos sanguíneos e distúrbios inflamatórios, como pericardite e miocardite.

Por isso, a cardiologista afirma que é importante que pacientes recuperados da doença mantenham a cardiovigilância. A recomendação vale para todos, mas é particularmente importante para aqueles que ficaram internados e que apresentam problemas prévios.

— Quem teve Covid e já se recuperou, se começar a sentir dor no peito, palpitação, falta de ar ou sensação de desmaio, procure o médico para fazer uma avaliação e um acompanhamento mais de perto — alerta a médica.

As alterações provadas pela infecção pelo novo coronavírus não podem ser prevenidas. Por isso, Veiga orienta que o ideal é minimizar o risco de ter Covid, completando o esquema vacinal e mantendo os cuidados preventivos individuais, Também é fundamental controlar as condições de base, como obesidade, diabetes e hipertensão e ficar atento para qualquer sinal ou sintoma clínico diferente.

Fonte: O Globo

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