Skatista de 12 anos sofreu grave acidente e levantou debate sobre idade mínima;

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Skatista de 12 anos sofreu grave acidente e levantou debate sobre idade mínima;

World Skate não impõe limite de idade em suas competições, mas COI discute estabelecer idade mínima para eleger os competidores. Quem defende a liberdade de idade, diz que uma limitação poderia atrapalhar o desenvolvimento da modalidade
      Foto: Reprodução/Nike

O que você estava fazendo quando tinha 13 anos? Foi com essa idade que Rayssa Leal, a fadinha, disputou os Jogos Olímpicos de Tóquio e ficou com a medalha de prata no street feminino. Aos olhos da lei brasileira — e japonesa —, a skatista é uma adolescente. Porém, a sua presença e de tantas outras jovens no evento levanta o debate sobre a idade mínima para se competir a nível profissional. Discussão essa iniciada após o acidente grave sofrido por Sky Brown, que estreia nesta terça-feira, às 21h (de Brasília), no Park feminino.

Em junho de 2020, a anglo-japonesa de 12 anos assustou quando praticava no halfpipe do lendário Tony Hawk, nos Estados Unidos, e caiu de uma altura de pouco mais de 4 metros. Ela foi  levada às pressas para o hospital de helicóptero com várias fraturas no crânio, lacerações nos pulmões e no estômago, braço esquerdo e dedos da mão direita quebrados. Por ser menor de idade, os treinadores foram responsabilizados pelo acontecimento.

Isso fez com que a World Skate — órgão regulador do skate — e o Comitê Olímpico Internacional (COI) discutam estabelecer uma idade mínima para eleger os competidores. Além da preocupação física, uma das principais alegações tem a ver com a pressão psicológica que esses adolescentes sofrem durante as competições. Isso deve acontecer em Paris-2024.

Sky é a skatista profissional mais jovem do mundo, tendo feito isso aos 10 anos e vencido o programa de TV americano Dancing with the Stars: Juniors com esta idade. Apesar de representar a Grã-Bretanha na Olimpíada, ela nasceu na província de Miyazaki, no Japão. Sua mãe é japonesa e seu pai é britânico, o que a torna uma anglo-japonesa. Para Bia Sodré, especialista do GLOBO para os Jogos Olímpicos, a skatista é um fenômeno, mas falta encontrar um equilíbrio nesta questão.

— Estar numa Olimpíada é uma enorme responsabilidade, mas ao mesmo tempo é tudo novo para todo mundo. Ter uma equipe que ajude a trabalhar a parte mental é fundamental, porque a pressão maior acaba sendo mais externa do que da própria criança— afirma a skatista.

O principal benefício da idade em esportes como o skate é a mobilidade física — algo semelhante ao que acontece na ginástica. Um exemplo recente foi Gui Khury, de 12 anos, que acertou a manobra 1080º durante o X-Games, algo que dificilmente é alcançado por atletas mais velhos. Para Yndiara Asp, skatista que irá defender o Brasil em Tóquio, a confiança também contribui.

— As crianças veem sem limitações, sem medos, cheias de energias para se divertir. E se apaixonam pelo skate e encontram nele a oportunidade de se dedicar a algo, evoluir, crescer e se empoderar — afirma a atleta.

Quem defende a liberdade de idade no skate, afirma que uma limitação poderia atrapalhar o desenvolvimento da modalidade.

— O skate não tem idade, quando a gente ta ali andando fica muito de igual pra igual sabe? É da cultura do skate isso, não importa muito no final. Acho que o skate tem muito a acrescentar as Olimpíadas e aos outros esportes nessa visão, porque antes mesmo dele ser um esporte, o skate é um lifestyle, é um aprendizado constante — completa Bia Sodré.

Vale lembrar que o limite de idade está presente em diversos esportes presentes nestes Jogos Olímpicos. O mais famoso é na ginástica, que tem o mínimo permitido de 16 anos no feminino e de 18 no masculino para ir a Tóquio. No futebol, por outro lado, a idade é máxima: são aceitos apenas atletas de até 23 anos, com três exceções acima deste limite.

Além disso, o skate não está garantido — ao menos oficialmente — nos Jogos de Paris-2024 e de Los Angeles 2028, mas tudo indica que o COI (Comitê Olímpico Internacional) irá mantê-lo por se tratar de um público mais jovem e urbano, o que, atrai interesse também de novos torcedores, patrocinadores e mídia.

Fonte:Marcello Neves- O Globo


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