Da pequena ferraria no interior gaúcho à sua cozinha: conheça a história da Tramontina

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Da pequena ferraria no interior gaúcho à sua cozinha: conheça a história da Tramontina


                                                     Foto: Divulgação - 110 anos de mercado


Por Luciane Belin, especial para o Bom Gourmet


O ano era 1911 e, Valentin, um jovem filho de imigrantes italianos, inaugurava uma modesta ferraria na cidade de Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul. Lá, executava reparos para indústrias da região e fabricava ferragem para cavalos, trabalhando artesanalmente e investindo no pequeno negócio, até que, menos de uma década depois, se casa com Elisa, que contribui para a evolução da empresa.


Corte a cena e avance 110 anos. Estamos em plena pandemia de Covid-19, quando a cozinha se tornou um refúgio para tantas pessoas que, no mundo inteiro, encontraram no ato de cozinhar uma maneira de lidar com os desafios cotidianos impostos pelas restrições de circulação.


Mais de um século depois, a pequena empresa de Valentin e Elisa exerce um papel importante no cotidiano das pessoas que, cada vez mais, se voltam à cozinha. Hoje, muito maior do que os próprios fundadores poderiam almejar: essa empresa, a Tramontina, tem mais de 22 mil itens no catálogo de produtos, dez fábricas espalhadas pelo Brasil e presença em dezenas de países no mundo inteiro.


Marca cativa dos brasileiros, a Tramontina nasceu na cozinha, mas hoje vai muito além dela. Embora os mercados mais importantes continuem sendo os de cutelaria, com facas e talheres, e as panelas, a companhia hoje também é referência em produtos para churrasco, ferramentas para uso automotivo e industrial, além de móveis para bares e restaurantes e produtos para o lar, de maneira geral.



Elisa e Valentin, fundadores da Tramontina.| Arquivo pessoal

Segundo Clovis Tramontina, presidente do Conselho de Administração da Tramontina e neto dos fundadores da marca, o que garantiu o sucesso do empreendimento familiar até que se tornasse referência e “essa indústria 4.0, genuinamente brasileira”, foi priorizar a qualidade dos produtos e atuar com os mesmos valores do começo do século passado. “São eles: trabalho, devoção, confiança e, principalmente, valorização das pessoas”.


Clássicos da cozinha

Guardadas como verdadeiras relíquias nos armários e cristaleiras de avós, mães, tias, algumas panelas da marca se tornaram ícones do universo culinário ao longo dos 110 anos de Tramontina. É o caso da linha Solar, lançada em 1978 e que permanece até hoje no mercado. “O sucesso dessa linha é incrível. Esse modelo era, na época, produzido com fundo triplo (aço inox + cobre + aço inox). O cobre era responsável por distribuir calor no fundo da panela. Ao longo dos anos, diversas evoluções foram acontecendo e atualmente é o alumínio que fica entre as duas camadas de inox.”


Linha de panelas Solar, lançada inicialmente em 1978, é até hoje uma das principais da Tramontina.     


Em 2020, a marca atualizou mais uma vez o produto. Agora, em vez de somente fundo triplo, a tecnologia permite que as panelas tenham o corpo inteiramente revestido nessas três camadas (inox + alumínio + inox), com a nova Linha Grano TecnoHeat no mercado de utensílios. “A Grano une estilo, tecnologia e design. O corpo triplo permite que o calor seja distribuído uniformemente e o resultado é um cozimento ainda mais rápido e uniforme, com economia de energia e gás, e alimentos aquecidos por muito mais tempo”, explica o presidente do conselho, à frente da Tramontina pelas últimas três décadas.


Panelas solar, da Tramontina, ressignificadas ao longo das décadas. | Divulgação


Desde 1978, mais de 50 milhões de panelas Tramontina já circularam no mercado, todas produzidas na fábrica da Tramontina em Farroupilha, na serra gaúcha. A linha Solar hoje também conta com variações Solar Baquelite e Solar Silicone.

Nas panelas de inox da Tramontina, foram incluídos cabos e alças de baquelite e silicone, diferentes revestimentos, em cerâmica e antiaderentes, tampas de vidro, cores na parte externa da panela e a evolução para diferentes itens, entre eles: espagueteiras, panelas de pressão e woks.


E a produção não para: são 47 milhões de panelas produzidas anualmente. “Em casa, as pessoas estão cozinhando mais. Mesmo quem não gostava muito, está aberto a experimentar. E aqueles que já tinham a atividade na rotina estão mais atentos a novos produtos e em busca de itens para complementar o mix ou substituir peças mais antigas. Além de necessidade, cozinhar também virou um hobby ativo e possibilitou para a Tramontina um crescimento expressivo no segmento” comenta Clovis.


Clovis Tramontina, neto dos fundadores e atual presidente do Conselho de Administração da empresa.| Debora Zandonai



Se, por um lado, peças adquiridas décadas atrás são itens valiosos na coleção pessoal das avós, os jovens também estão no radar da Tramontina. “Muitos estão saindo de casa para morar sozinhos ou acompanhados. E, ao montar suas próprias casas, vão precisar de panelas, talheres, micro-ondas, pia, cooktop, coifas ou ferramentas para o jardim ou horta. Sem deixar de lado o público cativo que acompanha a tradição e qualidade há tantos anos, hoje a Tramontina também quer ser referência para aqueles que trazem a herança da experiência com a marca”.


                                                                         Divulgação


Novidades Tramontina para 2021

Além dos talheres, das panelas, e da diversidade de produtos, algumas linhas são estratégicas para a Tramontina, especialmente pensando na expansão internacional. “A linha de porcelanas é um complemento importante para a mesa posta e a previsão é estrear neste mercado ainda em 2021”, adianta Clovis.


Outra aposta da marca é a do churrasco. Hoje, a Tramontina conta com mais de 400 itens para churrasco, produzidos em três diferentes fábricas no país, entre facas, chairas, espetos, talheres, tábuas, gamelas, churrasqueiras a gás e carvão, grelhas e demais utensílios. “Um dos destaques é a churrasqueira Tonel, que lembra o costume de improvisar o assado em tonéis e permite recriar a experiência em solução inovadora. O modelo a carvão com corpo 100% de aço inox apresenta design exclusivo de tambor, patenteado pela Tramontina, que é seguro e eficiente para o fluxo de calor. O resultado é um cozimento rápido, preservando o sabor da carne e legumes, com apenas 1,5 kg de carvão”.


Para garantir a exploração de novos nichos e o desenvolvimento e aprimoramento das tecnologias, a marca mantem Centros de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento, que trabalham em conjunto com escritórios de design parceiros.


Trajetória das fábricas da Tramontina

A primeira fábrica foi a Cutelaria, ainda na pequena ferraria em 1911. Em 1959, foi inaugurada a segunda fábrica, unidade Forjasul em Porto Alegre (RS), que posteriormente foi transferida para Canoas (RS), para produção de peças forjadas. A terceira surgiu em 1963, a unidade para produção de ferramentas, localizada no município de Garibaldi (RS). Em 1971, foi inaugurada a quarta unidade, em Farroupilha (RS), para produção de baixelas em aço inox, e que se tornaria referência em produtos de aço inox como panelas, talheres e demais itens para servir.


Fábrica de Farroupilha, no Rio Grande do Sul, na década de 1970.| Arquivo Tramontina


A quinta fábrica surgiu em 1976, unidade chamada Eletrik, em Carlos Barbosa (RS), para produção de materiais elétricos. A unidade Multi é a sexta, que abriu as portas em 1982, em Carlos Barbosa (RS), para produção de ferramentas agrícolas. Depois disso, a primeira unidade fora do Rio Grande do Sul foi instalada em Belém (PA), a sétima fábrica inaugurada veio em 1986, para produção de cabos de madeira e que hoje é responsável pelos móveis de madeira da marca.


                               Fábrica em Farroupilha, fotografia de 1974.| Arquivo Tramontina


Em 1990, surgiu a oitava, unidade Madeiras, em Encruzilhada do Sul (RS), para produção de painéis em pinus. Depois, em 1996, foi a vez da unidade TEEC, em Carlos Barbosa (RS). A nona do grupo é focada na produção de pias e cubas em aço inox. E por fim, a décima fábrica surgiu em 1998, a unidade Delta, em Recife (PE), para produção de cadeiras e mesas plásticas.


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